top of page

Incidência em dados:

Brasil

No mundo inteiro, há cerca de 36,7 milhões de pessoas vivendo com HIV, segundo o relatório da UNAIDS, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids de 2016. Neste ano, pela primeira vez, mais da metade delas estava em tratamento. O relatório destaca ainda que ao fazer a terapia antirretroviral é possível atingir uma carga viral indetectável e, com isso, o risco de transmissão do vírus diminui consideravelmente. O documento também mostra que as mortes relacionadas à Aids diminuíram 48% globalmente. Entretanto, foram cerca de 1,8 milhão novas infecções pelo HIV em 2016.

HIV x Aids: entenda a diferença

No Brasil, ao analisar a incidência a partir das faixas-etárias mais afetadas, a prevalência entre as pessoas de 15 a 24 anos, por exemplo, diminuiu para menos da metade no mesmo período. Os dados são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, referentes a 2017, e mostram que o mesmo processo aconteceu de 25 a 34 anos. Ainda assim, as populações de 15 a 34 são, sucessivamente, as mais afetadas pelo vírus. As crianças de 5 a 9 anos aparecem com os menores índices.

No gráfico seguinte, no entanto, nota-se que estamos em um processo de declínio nos índices, principalmente em 2017, e que, a longo prazo, pode apresentar resultados satisfatórios, mas não há garantias de que isto aconteça.

Entre as mulheres a população parda tem a maior incidência de infecção pelo vírus desde 2014, quando ultrapassa a população branca. Já no sexo masculino, onde os casos de infecção são maiores, a população parda ultrapassa a branca em 2016, caracterizando um perfil de população mais afetada atualmente. Já a população indígena, aparece com os menores índices de infecção em ambos os sexos nos últimos cinco anos, com exceção do ano de 2017, quando ultrapassa a população amarela com 2 infectados a mais entre as mulheres.

Mesmo com a queda de infecções em 2017, a população com ensino médio completo aparece com os maiores índices no recorte de escolaridade. Enquanto isso a população analfabeta se mostra como a menos infectada nos últimos cinco anos, contrariando a ideia de que um dos maiores problemas é a falta de formação acadêmica. Ainda assim, é possível questionarmos que tipo de formação está sendo essa e qual é o espaço dado dentro das salas de aula para que se discuta sobre educação sexual para que, dentre muitos outros aspectos relevantes, as infecções sexualmente transmissíveis possam ser devidamente abordadas, assim como as suas formas de prevenção.

Os dados públicos oferecidos pelo boletim epidemiológico anual do Ministério da Saúde não levam em conta as especificidades das chamadas populações-chave. Inclusive, o Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde reconhece que isso é um problema ao dizer, no próprio relatório, que "a ausência de registro pode comprometer a racionalização do sistema para o fornecimento contínuo de medicamentos e as ações prioritárias para populações-chave e populações mais vulneráveis. Isso posto, reforça-se, portanto, a necessidade da notificação no Sinan de todos os casos de HIV/Aids, bem como a melhoria da qualidade do preenchimento da ficha de notificação e investigação de casos." Por isso, os recortes de raça, faixa-etária, escolaridade e sexo ajudam a pensar sobre a incidência da infecção pelo vírus HIV, mas não a contemplam completamente.

Os únicos dados coletados e apresentados nesse sentido foram referentes aos homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres profissionais do sexo e travestis e transexuais. Os resultados preliminares apresentam uma prevalência de HIV de 19,8% entre HSH com 25 anos ou mais de idade e de 9,4% entre os HSH de 18 a 24 anos. Em relação às mulheres profissionais do sexo, a prevalência de HIV foi de 5,3%. Considera-se, ainda, que a média de prevalência de HIV nacional é de 0,4%.

Há, ainda, um processo denominado pelos pesquisadores como pauperização dos índices de HIV/Aids, com o passar dos anos. Ou seja, as pessoas que estão sendo infectas hoje são de uma classe mais baixa do que eram as pessoas infectadas antigamente. Francisco Inácio Bastos e da Célia Landmann Szwarcwald, ambos do Departamento de Informações em Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, afirmam que "as pessoas mais pobres e menos assistidas tornam-se mais vulneráveis à difusão destes agentes por razões biológicas (como pior imunidade), sociais (menor capacidade de ter suas demandas atendidas, residência em locais com infra-estrutura precária), e muitas vezes por razões, simultaneamente, sociais e biológicas". Outro problema apontado no artigo "Aids e pauperização: principais conceitos e evidências empíricas", escrito por eles, é que essas pessoas "se deparam também com barreiras estruturais quanto à possibilidade de implementar e manter mudanças que minimizam os riscos de se infectar".

bottom of page